Arquivo para junho, 2012

A culpa é do Sistema

Posted in Direito e política on 30 de junho de 2012 by Ricardo Santoro

Embora estejamos numa era avançada da informática, notório que ainda há muito para se evoluir. Ainda mais porque as grandes tecnologias sempre demoram um pouco mais para chegar ao Brasil. Não sei que sistema é esse, onipotente, onipresente, porém falho, que é instalado nos Tribunais de Justiça, especialmente Justiça Federal e Justiça comum.

A grande farpa da advocacia é ser um ofício da iniciativa privada dependente dos labéus do serviço público. Advogados, estagiários, partes e servidores, todos ficam à mercê do bom humor do sistema de informática, sem o qual é inviável procurar um processo, fazer retirada do mesmo ou até ingressar com uma ação. Enquanto os advogados desabam ao ouvir a velha frase, quase um clichê, “o sistema caiu” ou “o sistema está fora do ar”, alguns servidores (pois não quero equivocar-me ao atribuir menção genérica) alegram-se para dar a infame notícia. Retorne à vara judicial noutro dia ou noutra hora, pois, sem o sistema, complica.

O que intriga é que há anos esse problema ocorre. Excesso de demanda? O sistema computadorizado da Justiça está sobrecarregado ou ultrapassado? Ou ambos? Talvez, a pergunta ideal seja: a todos interessa melhorá-lo?

Antes tarde do que mais tarde ainda…

Posted in Futebol on 2 de junho de 2012 by Ricardo Santoro

Muitos aprendizados podem ser colhidos no decorrer da vida. O de que devemos nos livrar de tudo aquilo que esteja nos causando problemas. O de que uma ovelha rebelde pode contaminar todo o rebanho. O de que a primeira coisa, antes de mais nada, que podemos concluir de um boi numa sala é que ele ocupa muito espaço. E assim por diante. 

No caso de Ronaldinho Gaúcho no Flamengo, o irmão Assis era o problema das mil causas – ou a causa dos mil problemas. Ronaldinho era a ovelha rebelde. E sua folha salarial era o boi na sala. Como bem disse o blogueiro do Flamengo no site Globo.com, Arthur Muhlenberg (“se você entregar três tartarugas pra essa diretoria do Flamengo tomar conta, duas fogem e a terceira engravida”), o Flamengo teve todas as oportunidades e motivos para demitir o “Erra10” por justa causa, antes mesmo de contrair a dívida oriunda de mais uma imprudência financeira. Como Jango, não o fez por motivos ocultos, ou um demasiado paternalismo, o que faz a atual situação ter uma dose de ironia.

A decisão obtida por Ronaldinho no Tribunal Regional do Trabalho em sede de antecipação dos efeitos da tutela (liminar é termo equivocado da imprensa) apenas concretiza aquilo já sabido: Ronaldinho não joga mais pelo Flamengo. Como torcedor, digo que essa decisão do TRT foi uma graça, pois não aguentava mais todo dia ler nos jornais os ‘disse-me-disse’ de origem duvidosa, típicos da imprensa esportiva (afinal, não há pipoca sem milho). Como advogado, suponho, já que não vi os autos, que o valor de R$ 40 milhões esteja além da dívida e que cabe ao Flamengo uma reconvenção (isto é, quando o réu “contra-ataca” a ação do autor), pois evidente que os vitupérios do Gaúcho abalaram sim a imagem da instituição Flamengo, e uma denunciação da Traffic à lide, pois notório que a  aludida empresa descumpriu sua obrigação de quitar o salário do jogador (a não ser, claro, que não haja um contrato a esse respeito, como a Traffic aduz, o que seria uma ingenuidade ímpar, para não dizer burrice, por parte do Flamengo).

Caso a decisão jurídica final seja contrária às pretensões rubro-negras, as viúvas, os fãs e os fiadores do ex-jogador em atividade terão o alento de vê-lo aparecer todos os meses na Gávea para receber salários atrasados, por bons longos anos.